Por: Maria Odete Madeira
O conhecimento tácito e o conhecimento explícito estão, consensualmente, sinalizados e classificados pela comunidade científica como dois tipos de conhecimento, o que significa que existe a evidência de que, quer em termos ontológicos, quer em termos epistemológicos, o conhecimento tácito e o conhecimento explícito seguem diferentes leis de estrutura que os individuam e sinalizam como duas naturezas irredutíveis, entre si, podendo, deste modo, atribuir-se-lhes um carácter de permanência que é compatível com as categorias de necessidade e autonomia e que, por essa razão/causa, invalida afirmações, tais como aquela de que entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito podem ocorrer processos de transferência. É correcto falar-se em processos de conversão, mas é incorrecto falar-se em processos transferência.
A evidência é a de que o conhecimento tácito é um conhecimento sistémico, organicamente processado através de mecanismos dinâmicos espontâneos proto-conscientes, ou mesmo inconscientes, e que, por isso mesmo, é um conhecimento não-verbalizável, e a de que o conhecimento explícito é um conhecimento sistémico, organicamente mediado por mecanismos dinâmicos conscientes e que, por isso mesmo, é um conhecimento verbalizável.
A conversão de conhecimento tácito a/para conhecimento explícito depende de processos neurobiológicos conscientes, nos quais é desenvolvida uma dinâmica de projectividade rotativa ressonante, através da qual o organismo consegue a sincronia homeostática que lhe permite a produção de schemata que fazem corresponder a um certo conhecimento tácito, um certo conhecimento explícito facilmente verbalizável e que, por isso mesmo, pode ser alvo dos processos/procedimentos sistémicos de transferência que envolvem a passagem de conhecimento explícito para outro conhecimento, igualmente, explícito.
Em todo este processo, torna-se relevante sinalizar o carácter de superveniência do conhecimento explícito relativamente ao conhecimento tácito, bem como todo o dinamismo sistémico autopoiético desenvolvido pelos respectivos organismos, nos quais se inclui as estratégias e as eficácias, desenvolvidas nos sistemas de trocas de matéria, energia e informação.
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