Tuesday, July 28, 2009

Economic Equilibrium, Chaos and the Malcolm Effect


By: Carlos Pedro Gonçalves
The notion that economic equilibrium leads to a fixed point dynamic equilibrium and that all randomness, and, therefore, uncertainty and risk come from exogenous shocks that change the equilibrium from one (attracting) fixed point to another (attracting) fixed point was a useful argument in justifying a neoclassical economic discourse of power that defends the idea that a self-regulating free market does not produce bubbles and crises, the crises being produced, according to this perspective, by inefficiency sources such as transaction costs, market regulation, State intervention.

This argument allows one to confabulate a market economy as something that is completely controllable, with a predictable mechanics, and a manageable exogenous risk of a mild nature.

This "useful" reasoning about the equilibrium was, however, put into question by the applications of chaos theory to economic dynamics. In the book Cycles and Chaos in Economic Equilibrium, edited by Jess Benhabib (1992), it is shown, through several examples, that the very same homeostatic mechanisms that lead to an economic equilibrium can also lead to a dynamic instability, the conditions of economic equilibrium and the dynamics at the economic equilibrium may, thus, produce complex chaotic motion. A market economy may, therefore, be in economic equilibrium and, at the same time, not in a fixed point equilibrium.

The endogenous risk that occurs from chaotic dynamics falls into a notion of deterministic risk that may coevolve with external shocks.

In a model proposed by Tönu Puu (1997), in the book Nonlinear Economic Dynamics (pages 240 to 243), it is assumed that the investment is adaptive, in such a way that a period of rapid growth and the formation of a bubble may become unstable and, thus, lead to an economic crises (see figure 1 below). Similarly, when a crisis occurs there is a limit below which it becomes advantageous to invest due to low costs.

Fig.1 - Bubbles and crashes (example near t=600 and t>=850) in simulated income


The video, below, is an example of the Malcolm effect (Crichton, 1991) taking place in Puu's model. There is economic growth up to a point where the system is at its highest growth rate, at that point there is a quick fall, and a crisis takes place with large swings in the growth, accounting for a high variability.

This effect is described by Crichton in the book Jurassic Park, the name Malcolm effect being attributed to the fictional chaos theorist Ian Malcolm.

The Malcolm effect is a general crisis dynamics where the system suddenly crashes exactly when it is functioning at its highest performance.

For the Malcolm effect to occur it must be possible for the system to produce a sharp jump. In economics this means that a bubble would not be followed by a corrective slow fluctuation showing convergence to a period slower economic activity, instead the bubble would burst into a period of high volatility and a few large downward swings that would characterize an economic crash and a period of economic crisis (as it takes place in the video below).

The occurrence of bubbles, crisis and phenomena like the Malcolm effect are not accounted for in the traditional equilibrium models but they are shown to occur in simple nonlinear models of market economies functioning in economic equilibrium, which puts into question the neoclassical argument that if the markets were left on their own all would go well and no bubbles and crashes would ever occur.

Economic equilibrium cannot be taken as a synonym of attracting fixed point dynamical equilibrium.


The video is also available at:

http://www.youtube.com/watch?v=Qf-2pEP6HVg

The figure and video were produced with the software EF Chaos 101.

Friday, July 24, 2009

Afairesis, Abstractio ou Abstracção

Por: Maria Odete Madeira

Abstractio foi o termo escolhido por Boécio para a tradução do termo grego afairesis. Abstractio ou abstracção é uma dinâmica cognitiva sistémica operativa, através da qual uma parte, uma característica ou um elemento de uma totalidade sistémica integrada é separada dessa mesma totalidade da qual depende constitutivamente, enquanto existente concreto, particular e contingente, para ser constituída (essa parte) como um objecto de pensamento, conceptualmente existente e disponível para ser abordado e cognitivamente sintetizado como uma entidade universal com um valor objectivo.

Tuesday, July 14, 2009

Carlota Pérez - Solução para a crise?

Acerca das afirmações de Carlota Pérez em http://www.ionline.pt/conteudo/13109-carlota-perez-economista-que-tem-solucao-crise

por Carlos Pedro Gonçalves

Creio que estamos a viver um pleno de economia interconectada globalizada. Esta crise evidencia uma falha perspectívica da análise de risco, que assume a diversificação financeira e uma base correlacional como elementos decisionais, ignorando a possibilidade de criação de interconectividades por via da gestão de carteiras e, em particular, dos fundos de investimento.

Aquilo que esta crise evidencia, em primeiro lugar, é a falência de uma razão local de nó que esquece a rede. O que Pérez propõe é um retrocesso a uma razão local centralizadora. Os anos de 1970 e 1980 padeceram de problemas (aftereffect) devido a um Bretton Woods incompatível com um sistema complexo adaptativo em processo de internacionalização, o regresso a um Bretton Woods e a um Keynesianismo de Estado continua a ser uma aposta numa razão de nó centralizador que esquece a rede.

O neoliberalismo falha pela incapacidade de perceber os mercados enquanto sistemas adaptativos complexos interconectados com redes sistémicas e ecossistémicas complexas não-lineares. Um neokeynesianismo falharia também porque procuraria impor uma lógica de controlo centralizador sobre um sistema complexo acentrado. Após a falência de um tal neokeynesianismo teríamos de lidar com uma sobreposição de crises, resultantes: das instabilidades emergentes de um sistema económico que está a evoluir de uma economia planetária para uma economia transplanetária (veja-se o rápido desenvolvimento das tecnologias espaciais); das crises ambientais vindas do aquecimento global; das crises e instabilidades resultantes de uma falência dos mecanismos de controlo centralizados impostos sobre um sistema acentrado.

A solução fiscal que tenta travar o comportamento de curto prazo dos mercados financeiros baseia-se numa lógica errada acerca do comportamento de mercado, travar o comportamento de curto prazo dos mercados financeiros é impedir a adaptabilidade dos mesmos, o que teria consequências de longo prazo quando uma crise se sobrepusesse a uma inércia de mercado. Poderia conduzir a crashes ainda maiores.

As soluções do século XX, do Keynesianismo e do neoliberalismo funcionam segundo lógicas de economias de Estado ainda em processo de internacionalização, necessitamos de um pensamento económico alternativo baseado na hipótese da eficiência adaptativa, nas ciências da complexidade e na ciência risco, para lidar com a natureza do sistema que temos. Não está na altura de ilusões locais mecanicistas, estamos perante crises de mercados vivos não capturáveis nos modelos Keynesianos e neoclássicos.

Sunday, July 12, 2009

Sobre a "Teoria"

Por: Maria Odete Madeira
O termo teoria, com origem no grego theorein, condensa um duplo significado sistémico: o de espectáculo, ou espaço sistémico de representação, abordado intencionalmente nas suas dinâmicas semióticas topológicas e tipológicas e a respectiva visão intencional do mesmo, em que se inclui o exercício de exame crítico, o exercício de contemplação e os mecanismos homeostáticos de prazer, ligados à satisfação do desejo.

A relação de entrelaçamento gravítico do signo teoria com o signo visão determina, na raiz genética do termo, uma dinâmica de exercício sistémico activo fundamental que faz depender a teoria, ela mesma, do acto de percepção de alguma coisa através da vista, significando percepção o acto primitivo imediato pelo qual alguma coisa ou coisas são cognitivamente processadas.

Deste modo, enquanto signo, a teoria está sistemicamente dependente das coisas, de todas as coisas presentes no mundo, sejam concretas ou abstractas, e que, enquanto tais, podem ser percepcionadas enquanto coisas existentes que podem ser abordadas, a partir das sínteses cognitivas, contraídas no signo teoria, no pressuposto configurado a partir da génese do mesmo termo, por sua vez, determinada, a referida génese, pelo exercício sistémico dinâmico metabólico, envolvido nas trocas de matéria, informação e energia, intencionalmente visadas pelas teias gravíticas sistémicas, o que permite atribuir à teoria uma natureza gravítica complexa de organicidade rotativa dinâmica evolutiva ligada à sobrevivência dos sistemas.

Sunday, July 5, 2009

Reflexão, Reflexividade, Reflexibilidade

Por: Maria Odete Madeira
Reflexão, do latim reflectere, tem o significado de voltar  atrás, e diz respeito à actividade sistémica rotativa projectiva dos agentes, de quaisquer agentes, sejam esses agentes: partícula, campo, átomo, molécula, célula, animal, pessoa, ou coisa, ente ou entidade. Estando essa actividade ligada às respectivas estratégias e eficácias, emaranhadas na computação e respectivas trocas com o meio, incluídas na computação/produção de sínteses valorativas judicativas deliberativas.

Reflexividade, do latim reflexu, significa dobrado sobre si mesmo, e é uma capacidade rotativa sistémica disposicional que permite aos agentes e/ou aos sistemas o processamento cognitivo valorativo directo de si mesmos, a partir das causas, ou razões formativas originantes às quais o sistema se dirige intencionalmente com o objectivo de produzir sínteses valorativas judicativas deliberativas (re)avaliativas.

Reflexibilidade é uma propriedade sistémica disposicional intrínseca, comum a todas as coisas, enquanto coisas existentes e, por isso mesmo, rotativamente presentes na sua própria luz, em si mesmas, a si mesmas e por si mesmas, enquanto autonomias.

A reflexibilidade está nas próprias coisas, entes ou entidades, e tem que ver com a visibilidade ou percepção das mesmas, como um modo de ser próprio, um carácter, enquanto coisas que se mostram, aparecem e parecem, na sua visibilidade. Todas as coisas têm o poder, enquanto capacidade, de mostrar, de reflectir a sua própria luz, a sua própria verdade, aquilo que são, aquilo que fazem, e naqueles, entes ou entidades, dotados de pensamento, discurso e vontade, aquilo que pensam, querem, desejam.